Tempos tórridos, vividos com intensidade e total loucura.
Tempos mágicos, dificeis, obscuros e sem qualquer sentido.Será mesmo que valeu a pena?
Loucura gélida, fria e irreverente essa que me invadiu o corpo, a alma e o sangue, que me fez vibrar e que vai permanecer na minha memória para sempre.
Todo eu sou construido de sentimentos simples, sumptuosos, ás vezes severos e sarcásticos, mas que posso fazer eu? Diz-me o que posso fazer para torná-los melhores?Sim, singelos e sorridentes.
Se tão somente alguém ouvisse os meus gritos...não, ninguem ouve ou está interessado em tal coisa.
Corro agitado...ao fundo vejo um rosto triste, pesaroso e inquieto.Corro mais rápido, quero ajudar mas sinto-me incapaz de o fazer, sinto que não estou á altura de tal gesto. Porquê?
Serei indigno? Serei culpado? Serei cúmplice? Actos insconcientes levam a decisões tremendamente indiscipinadas, e eu que tantas lições tive – e de nada serviram.
Afinal serei igual a tantos outros? Temo a banalidade, o badalar das horas em momentos vazios, temo a incerteza e o escuro. Terei quem me salve?
Corri, corri e cheguei...afinal o rosto nada mais era do que a minha sombra. Sento-me.Observo o mar, ondas de vida, de revolta e dor. Entranham-se, envolvem-se, rodopiam. Voltam á sua origem. Serei assim? Serei inconstante como á agua?
Volto a olhar, agora de maneira diferente.Olhos amargos, vividos e sofridos.Sorrio.Solta-se uma lágrima.Saudade.Recordo tempos passados de alegria, vivencias enriquecedoras, vida outrora respirada por alguém quase consciente da sua tarefa, da sua missão e do seu lugar nesta selva, quadro pintado em tons de vermelho e castanho, em que uma pincelada altera o rumo e o significado da obra.
Levanto-me, suspiro.Sigo a minha caminhada.Gente passa ao meu redor.Mas que diria eu?Que pensarias tu se me visses?Doce lugar, sereno e distante esse para onde eu queria tanto ir.
Ninguém olha, todos estao distantes – eu sinto, não precisas dizer.
Tempo totalmente transparente, treinado para te levar por densas trivialidades, sobre subtis brisas de calma. Tempo intemporal, que me leva e consome, que me invade e me seduz.
Quero-te tempo, quero-te mais e mais, quero que me leves por caminhos pouco percorridos para que possa descobrir, criar e ter sensações nunca antes sentidas.
Páro, ouço leves ruidos, semelhantes a burburinhos. Olho em volta, mas não vejo ninguem. Será a minha imaginação? Não, eu ouço, cada vez mais nitido.Alguem está a chamar por mim.
Escuto atentamente, é o pensamento interno, a pessoa controladora do nosso ser. Tinha saudades de a escutar. Deslumbrado absorvo cada palavra, envolvo-me naquele manto de sabedoria, outrora aproveitada por mim. Revigorado por palavras tão encorajadoras sigo a minha viajem pelo tempo.
Cada passo dado parece ser uma caminhada infinita, cada palavra deixada parece ficar ocasionalmente perdida.
Solta-te, deixa que a imaginação te leve por caminhos infindáveis, ruas suaves e apeteciveis, sem que abrandes a velocidade, pois essa permitirá que voes!
Até Já
Bu