11.08.09

 

Eu. O ser mais improvável, mais imprevisivel, mais insignificante.

Hoje sinto-me assim, o vazio cerca-me, a ausência de luz emerge em mim.

Quem sou eu? O que faço aqui? A existência tornou-se para mim uma obrigação. Como páro isto?

Tenho dias melhores. Ontem estive bem. Fui invadido por pensamentos positivos, emoções fortes. Ontem sonhei. Ontem sorri.

Hoje? Não quero viver. Importam-se que eu deixe de existir? Certamente ninguém dará por isso...

Não sou feliz, não deixo os outros o ser.

Sinto que não me mereço e que ninguém me merece. Poderei eu inverter os papéis?

Desejo incrivelmente que a cena acabe, o pano desça e eu vá embora, que tudo termine e eu fique em paz. Não, não quero aplausos, sou medíocre e a nulidade preenche-me.

Quisera eu ter tido outra peça, fazer parte de outra história, outra vida, outro corpo.

Hoje já não me compreendo tão bem como ontem, hoje sou outra pessoa, antagónica, profundamente angustiado.

Mil pedaços são poucas peças para me construir, todas as emoções são poucas para me definir, qual tela em branco pronta para dar vida á obra do seu criador. Nunca serei o reflexo desse trabalho criativo.

Sou inacabado, incompleto. Tenho pensamentos irreflectidos e acções intolerantes.

 

Pergunto-me o que sou eu, de que matéria sou feito, porque nasci e porque ainda aqui estou. Mas que valor tenho eu?

Hoje, como em tantos outros dias quero dormir. Não saio de casa á dias, estou uma lástima. Já não cuido de mim como antes. O espelho não me reconhece, eu não sei quem sou. Não como.

Sento-me, olho para o nada e o tempo não passa, o meu inconsciente não pára de falar.

Mas que inóspito lugar este onde me encontro. Onde estou?

Á dias julgava ser a minha casa, o meu lar, o meu espaço. Hoje não é nada disso.

Hoje é um deserto árido, sem vida, onde ninguém passa, onde ninguém vive.

É neste deserto que me estou a sumir, é aqui que os meus dias vão findar. Nenhuma miragem por aqui.

 

Ontem saí com os meus amigos, revivi o passado. Cantei!Dancei!Vivi!Sorri!

Ontem não senti tristeza, não chorei nem mergulhei em pensamentos profundos, deixei-me simplesmente levar.

Hoje voltei a alienar-me de tudo o que me rodeia, subi a outra dimensão. Tudo me pareceu pequeno, minúsculo, ínfimo. Tudo sem valor. Eu sem ninguém.

 

Não sinto o amor, o amor á muito que me deixou de sentir.

Uma voz disse-me: -" Ama, sê feliz."

Eu respondi: -" Diz-me como..."

A voz calou-se e deixou-me só. Se fosse tão fácil como mergulhar no mais calmo oceano. Se fosse tão simples como um olhar. Mas não é.

 

Estou tenso. O meu corpo contrai-se ritmicamente. Um turbilhão de pensamentos inunda o meu corpo, a minha cabeça.

Todos me tentam ajudar. Mas porque dizem sempre a mesma coisa? Tão inúteis, tão básicos.

Desapareçam, quero estar sozinho. Quero estar apenas comigo. Quero esquecer que estou aqui. Não me quero salvar desta escuridão, porque tentam vocês?

Insistem, persistem. Ontem finalmente conseguiram. Tiveram-me por instantes. E por breves momentos eu os tive. Rapidamente acabou. Desapareci, para nunca mais aparecer.

Hoje não, hoje não há tempo, não há sol. Para onde fui eu? Onde está a vida?

Encontro-me onde o limite acaba, onde o horizonte começa, onde tudo parece tão perto, mas está tão distante.

É aí que eu estou, no limiar da vida, onde a qualquer instante posso cair.

 

Quero sair daqui.

 

 

(Para ti)

Até Já

Bu

 

 

publicado por vidaebuba às 01:30

29.07.09

Pois se é verdade que existem as conversas de café, de praia, de engate, de mulher, de malucos, não é estranho que existam as conversas de autocarro. E se eu as conheço!

Regresso ao trabalho significa andar de transportes públicos, o que tem a sua graça e parte com qualquer possivel monotonia.

 

No autocarro ouvimos desgraças, alegrias, piadas, calões, discussões e desabafos.

Conhecemos pessoas que se tornam parte da nossa vida, do nosso quotidiano, e para meu mal já dei por mim a pensar o que era feito daquela senhora que ia sempre no meu autocarro e que está a falhar. Será que morreu? Arranjou outro emprego? Bom, fiquei a saber que estava de férias, lá está, numa conversa de autocarro!

Sim, é porque depois as pessoas acabam por travar uma amizade e conhecerem-se umas ás outras, o que eu acho estupendo, uma forma de socialização incrivel!

Para que são precisos os chats? Bora lá para os autocarros conhecer pessoas!!

Hoje a conversa foi especialmente animada!

Eu num canto e no lado oposto 5 senhoras, baixa escolaridade, entre os 40 e os 50 anos. Conseguem imaginar? Não, é mesmo dificil.

Para além do volume, os termos utilizados são fantásticos. Coitado é de mim porque tive a viagem toda a conter o riso, e que vontade que tinha de me rir.

Falaram de tudo, desde o silicone e as gorduras na barriga, á comida saudável, á menopausa e a impotência masculina.Tudo isto em 30 minutos!

O poder que estas mulheres têm de comunicar é fenomenal, mas é que elas falam, todas ao mesmo tempo!

 

Mamas e Gordura:

 

Diz uma: " Eu conheço uma fulana que pôs a merda do silicone nas mamas e o marido diz que aquilo não te sensibilidade nenhuma, diz que apalpa 2 tijolos, f***-se, pra mim isso não!"

 

Outra: " Claro, ficam todas felizes porque quando dormem as mamas não caem para o lado, podera, 2 pedaços de pedra. As minhas caem para o lado a dormir mas são minhas, e o homem gosta!"

 

Ainda outra: " Ai, silicone não, mas a gordura da barriga eu tirava".

- " Oh mulher, queres tirar a gordura? Olha, vai para as traseiras da Junta de Freguesia, puseram lá este fim de semana umas coisas para se fazer ginástica muito boas. Eu fui fazer e no Domingo arreei na cama cheia de dores carago.

Isso sim tá bem, pra nós que não temos dinheiro para as operações. Muito bom aquilo".

 

- "Tás tola, vou agora para trás da Junta, isso é que era bom. Olha cansada como agente vem do trabalho...quero é ir para a cama mulher. Isso é para os reformados que têm tempo".

 

- "Os reformados? São finos eles, vão para lá fazer ginástica, nem se podem mexer e no Domingo sabes onde estão?Sabes? Sentados no 27 a comer altos pratos. Tem algum jeito isso?"

 

Comida:

 

- " Ai filha, vou aqui cheia de fome. Então não é que comi só um bolinho de bacalhau hoje?"

- "Oh mulher, então tu atiras-te para os fritos?Isso faz-te mal carago."

- " Foi só um, também tu..."

- " Não interessa, os fritos fazem muito mal, olha um dia destes fui comer ao restaurante do meu patrão, umas sardinhas fritas, aquilo parecia carvão, olha, cheguei ao banco para fazer as limpezas deitei tudo pra fora na sanita. Gastei dinheiro para ficar cheia de fome. Nunca mais."

- " Sabem, isso é tudo dos óleos.Os fritos querem-se num bom óleo, não é naqueles ressequidos que tão sempre a ferver. Ai meus Deus, isso faz muito mal".

- " Olha, eu vou chegar a casa e comer uma sande, se não adormecer a comê-la. É o que faz morar sozinha. Até amanhã queridas".

 

Peso e Homens:

 

- " Oh mulher, tu lá és gorda. Deixa-te chegar ao 50 e tu vais ver. Eu só fiquei assim depois da menaupausa, ah pois. Tive filhos e sempre fui magra."

 

- " Ai filha, já nem me importava que fosse um gordinho, desde que fosse meigo. Nem que tivesse barriga, olha, bufava na cama."

- " Eu não, já sou casada á 30 anos com um gordo, agora se fosse era com um magro". (risos histéricos)

 

 

- " Oh rapariga, atão és a mais nova daqui e não sabes que os homens têm a menaupausa também? Têm e ficam sem aquilo":

- " Tá bem, mas o teu não é por causa disso, ele tem é outros problemas. E trabalha muito".

 

- " Olha, entrou agora a tua amiga maluca, tão doida aquela mulher".

- " Cala-te mulher, a ver se ela se senta noutro banco".

 

Aqui ficou um gostinho daquilo que podem assistir num autocarro mais próximo!

(Atenção, autocarro do Porto, nos outros não deve ter piada!!!)

 

Já sabem, a qualquer momento volto com...conversas de autocarro!

 

Até já

Bu

 


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